História da Profissão

O título soa estranho: “Sylvicultura Oeconomica – Um Guia para o Cultivo das árvores selvagens nativas”. O autor, Hans Carl von Carlowitz. Ele nos deu uma inovação semântica que ressoa até hoje. Uma inovação que realmente só agora desenvolvendo todo o seu potencial: sustentabilidade” (tradução livre).

Carlowitz era descendente em uma família que há gerações trabalhava com silvicultura na Saxônia, Alemanha”. “Hans Carl von Carlowitz, nasceu no dia 14 de dezembro de 1645 e faleceu em 03 de março de 1714 na Alemanha, foi chefe da área de mineração em Freiberg (Saxônia), Alemanha e é considerado o fundador do princípio da sustentabilidade. Nascia pela primeira vez a ideia de que só poderiam ser cortados os volumes de madeira que eram reflorestados (não cortar mais do que cresce). A mineração de prata da região, que era a espinha dorsal econômica da Saxônia, estava em colapso, em função da falta de madeira, tanto para madeira estrutural para exploração das minas, como para fornecer energia para funcionamento dos fornos. Carlowitz implantou uma gestão florestal, realizando reflorestamentos visando o manejo sustentável das florestas” (tradução livre).

Quase 100 anos depois de Carlowitz formular pela primeira vez o princípio da sustentabilidade florestal, outro alemão, Heinrich Cotta (1763-1844), foi o criador em 1811 da Academia Florestal de Tharandt, da Universidade de Tecnologia de Dresden (UTD), na Saxônia, Alemanha. Começavam os estudos acadêmicos da ciência florestal. “Cotta inicialmente aprendeu silvicultura com seu progenitor, e de 1784 a 1785 estudou matemática, ciências naturais e economia na Universidade de Jena”. “(…) em 1811 estabeleceu a Academia Florestal de Tharandt, em Tharandt, perto de Dresden, junto com seu arboreto histórico que ainda existe, o “Forstbotanischer Garten Tharandt (Jardim Botânico Tharandt)” (tradução livre).

No Brasil, por meio do Decreto nº 48.247, de 30 de junho de 1960, o então presidente da República, Juscelino Kubitshek, criou a Escola Nacional de Florestas – ENF, em Viçosa/MG. O artigo 2º do Decreto estabelecia: “A Escola Nacional de Florestas tem por fim ministrar a instrução superior, profissional e técnica, referente às ciências florestais, para o exercício da profissão de Engenheiro Florestal em todo o País”.

O artigo 5º definia os assuntos que seriam ministrados pela ENF: “Na Escola Nacional de Florestas serão ministrados os seguintes assuntos: 1 – Silvicultura; 2 – Dendrologia; 3 – Genética aplicada às florestas; 4 – Ecologia e fitogeografia; 5 – Aerofotogrametria, inventários florestais e construções; 6 – Proteção florestal; 7 – Tecnologia de produtos florestais; 8 – Matérias optativas”.

A Escola Nacional de Florestas foi sediada em Viçosa entre 1960 e 1963. No 2º semestre deste citado ano, por problemas políticos e estruturais existentes na então Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG), a Escola Nacional de Florestas foi transferida para Curitiba, na UFPR. Em reação, a UREMG criou outro curso de Engenharia Florestal em sua sede, em Viçosa, reiniciando os trabalhos de formação de Engenheiros Florestais em março de 1964, ao mesmo tempo em que a UFPR em Curitiba iniciava os seus trabalhos de formação de Engenheiros Florestais. E então, a partir de 1964, o Brasil passava a contar com dois cursos de Engenharia Florestal, os quais formaram, com diferença de dias, as suas primeiras turmas de Engenharia Florestal, em 08 de dezembro de 1964 em Curitiba e em 15 de dezembro do mesmo ano, em Viçosa.

A profissão de Engenheiro Florestal foi regulamentada pela Lei 4.643, de 31 de maio de 1965, com objetivo de ser o ramo da engenharia e das ciências agrárias que visa a produção de bens oriundos da floresta ou de cultivos florestais, através do manejo de áreas florestais como forma de suprir a demanda da sociedade e da indústria por produtos madeireiros e não madeireiros.

O dia 12 de julho foi escolhido para ser o Dia do Engenheiro Florestal porque marca a data de falecimento de São João Gualberto, no ano de 1073. Por motivos religiosos, João Gualberto dedicou parte de sua vida à proteção das florestas e, em 1952, o Papa Pio XII o designou Protetor dos Florestais, sendo considerado hoje o pioneiro no manejo racional das árvores e um exemplo de planejador de estratégias sustentáveis.

Referências:

“From Freiberg to Rio – Hans Carl von Carlowitz” ‘Sylvicultura Oeconomica’ and the career of the term ‘sustainable’ by Ulrich Grober”.

https://www.nachhaltigkeit.info/artikel/hans_carl_von_carlowitz_1713_1393.htm

https://www.nachhaltigkeit.info/artikel/definition_nachhaltigkeit_2017.htm?sid=uqrjc3t96qm009leckt7fg6446

https://www.nachhaltigkeit.info/artikel/definitionen_1382.htm

https://www.wikiwand.com/es/Johann_Heinrich_Cotta